Orar com os Salmos - Salmo 23
Introdução
O que são os Salmos?
Os salmos são uma antiga coleção de
orações ou cânticos do povo de Deus. Há 3000 anos, já se orava com estas
palavras – e ainda hoje elas fazem parte da oração de Judeus e Cristãos.
Os
salmos deixam-nos participar na oração de homens e mulheres ao longo dos
milénios: as suas palavras de louvor e de súplica, de grito e de agradecimento
podem inspirar e enriquecer a nossa oração hoje. Neles encontramos tudo o que preocupa ou alegra
as pessoas.
Qual é a origem dos Salmos?
A tradição hebraica e cristã atribui
grande parte dos salmos ao rei David que viveu cerca de 1000 anos antes de
Cristo. O mais provável é que os salmos tenham sido compostos ao longo de muitos
séculos (um pouco como os hinos do nosso hinário), datando alguns do tempo de
David e sendo outros mais recentes.
Para além de David, a Bíblia refere as
famílias de Asaf e de Corah [em algumas traduções: Corá ou Coré], duas famílias
que, ao longo de muitas gerações, transmitiram a fé e a história sagrada
cantando e orando.
Qual é a estrutura do livro dos
Salmos?
O livro dos Salmos contém 150 salmos. Na
história antiga do texto bíblico, a numeração varia (o texto é igual). Temos
coleções dos salmos de David (3-41; 51–72), de Asaf (50 e 73-83) e de Corah
(42-49, 84-85, 111-118, 135–136, 146-150).
Porque existem diferentes tipos de
salmos?
Todos os salmos são expressão de fé e de
oração.
Tal
como a nossa vida tem momentos diferentes, alguns felizes e outros marcados por
crises e angústias profundas, também nos salmos se refletem estas experiências
diferentes: encontramos hinos de louvor, há salmos de súplica, de penitência,
de ação de graça, entre outros. Alguns salmos são uma oração para o rei ou para
a cidade de Jerusalém.
Encontramos nos salmos uma grande
pluralidade de perspetivas, de experiências e de ensinos que reflete a
pluralidade de experiências de vida e de fé das pessoas. O que une todos os
salmos é a atitude de oração em que se exprimem: todos eles nos testemunham um Deus que governa o mundo, a vida e a
História, um Deus misericordioso e próximo, disposto a ouvir os homens e as
mulheres, os seus pedidos de socorro, os seus gritos de desespero, os seus
anseios de esperança.
Os salmos – um elo fundamental na
transmissão da fé
Também hoje os salmos continuam a
constituir um elo fundamental na transmissão da fé. De facto, alguns dos salmos
são os textos mais repetidos e mais bem conhecidos da Bíblia. Ao orarmos hoje com as palavras dum salmo, entramos em
comunhão com homens e mulheres que faziam parte da história de Deus com a
humanidade ao longo dos tempos.
Uma grande sensibilidade aos problemas humanos e do mundo é uma característica
deste testemunho da fé com a sua convicção fundamental: podemos dirigir-nos
a Deus em todas as situações da nossa vida, pois Deus ouve o grito da
humanidade.
Estes estudos foram concebidos para pequenos grupos (células, classes).
Neste tempo de isolamento obrigatório por motivos de saúde, podem ser usados em
casa, seja por famílias ou individualmente.
Contudo, uma vez que a reflexão bíblica é sempre mais rica quando for
partilhada, gostava de sugerir partilhar a reflexão com outros membros na
igreja através dos meios de comunicação que temos ao nosso dispor: podemos
falar ao telefone, podemos trocar mensagens no whatsapp, alguns saberão
organizar “encontros virtuais” usando o Skype.
Que os salmos nos ajudem na nossa
oração nestes dias difíceis e que na oração encontremos a força de que
precisamos para cada dia.
Pastora Eva Michel
1º Estudo: O bom Pastor – Salmo 23
Este salmo, talvez o mais bem conhecido
de todos, é um cântico, uma oração de profunda
confiança em Deus. Aconteça o que acontecer, Deus guarda-me e protege-me – é
esta a experiência de fé que nos testemunha este Salmo.
Como todos os Salmos, exprime esta
confiança, esta experiência de fé, em imagens
poéticas, imagens que não perderam a sua força ao longo dos milénios.
Vamos descobrir estas imagens e perguntar:
será que nelas se exprime também a nossa experiência de vida e de fé?
1.
Leia
calmamente o Salmo 23, fazendo uma pequena pausa depois de cada versículo.
2.
Numa segunda
leitura, em silêncio, escolha o versículo ou os versículos que lhe dizem mais.
Porque é que escolheu estes versículos? Pode anotar a resposta.
3.
No caso de
poder realizar este estudo juntamente com outros, seja em casa, seja pelos
meios de comunicação, pode partilhar o que escreveu com os outros. Houve algum
(alguns) versículo(s) escolhido(s) por mais pessoas? Quais foram? Por que será
assim?
4. O salmo
fala-nos dum caminho que o salmista percorre com Deus. Para falar deste
caminho, usa várias imagens para Deus e para o homem/ser humano. Identifique
estas imagens e coloque-as na listagem:
5.
Com que verbos
é que o salmo descreve a relação entre Deus e o homem?
O que diz que Deus faz?
E o que diz sobre o que faz o homem?
DEUS: _________________________________________________________
HOMEM: _______________________________________________________
E nós, como é que nós experimentamos a presença de Deus na nossa vida?
Será que estas palavras também descrevem a nossa caminhada de vida e de fé?
6. Deus – um
pastor, um anfitrião, o dono da casa; o homem – uma ovelha, um hóspede bem
servido e honrado (é isto que significa “ungir a cabeça e encher a taça”), um
morador: são estas as três imagens que o salmista usa para falar da sua
experiência com Deus. Que imagens usaríamos nós, na nossa linguagem moderna e
no contexto em que nós vivemos (por exemplo, na cidade onde não há pastores nem
ovelhas….), para falar da nossa caminhada com Deus?
Talvez as palavras de Toki Miyaschina, uma irmã cristã do Japão, nos possam
inspirar a escrever (ou dizer) “o nosso Salmo 23”:
1 É Deus que determina a velocidade com
que tenho de trabalhar;
não preciso de stressar-me.
2 Ele dá-me momentos calmos;
momentos para eu respirar fundo e
reencontrar-me.
3 Ele ajuda-me a descobrir, sempre de
novo, a serenidade.
Muitas vezes ele me ajuda e as coisas
saem-me bem.
O meu coração encontra uma profunda
calma.
4 Apesar de eu ter imensos compromissos
cada dia,
não preciso de ficar nervosa.
A sua presença me liberta da
ansiedade.
Ele está acima do tempo e das coisas:
por isso, todo o resto torna-se
secundário.
5 Às vezes, no meio dum dia agitado,
lembro-me de repente da sua palavra
ou faço uma boa experiência:
é como se ele me refrescasse.
Sinto-me alegre e leve e cheia de
forças renovadas.
6 Fiz a experiência: vivendo os meus
dias nesta confiança
encontro calma e serenidade.
E sei que, seguindo o meu Senhor,
estou em casa com ele, a cada
momento, seja onde for.